Media Fill – Que meio de cultura usar? E por quê?

Este é um questionamento que os produtores de medicamentos estéreis e suas equipes devem se fazer… !!!

Oficialmente o método para o teste de esterilidade, foi apresentado pela British Pharmacopoeia em 1932, onde se usava na época, o caldo peptonado como um fornecedor de nutrientes para o crescimento microbiano. Mais tarde para uma maior e melhor segurança na liberação dos resultados dos testes, recursos analíticos foram criados para o desenvolvimento de microrganismos aeróbios, anaeróbios assim como os microaerófilos, em torno de 1947 foi introduzido o Meio de Cultura Tioglicolato. Já nos anos 70 se estende a faixa de detecção para a pesquisa de fungos e uma melhor detecção dos aeróbios, houve a introdução do Meio de Cultura Caldo Caseína de Soja. Ao longo de décadas diversos tipos de nutrientes foram propostos, tudo isso para que se pudesse abranger um maior e melhor crescimento dos microrganismos nas amostras submetidas ao teste de esterilidade, após sua produção estéril.

Com o passar dos anos as necessidades de testagens, monitoramento e vigilância foram aumentando e junto de todas elas a criação de controles para este tipo de produção. Um desses controles é o Enchimento Simulado para os Processos Assépticos – Media Fill. Uma das etapas para validar um processo asséptico é a inclusão do teste de simulação com o uso de meio(s) de cultura. Essa orientação vem referenciada tanto nos compêndios oficiais, as Farmacopeias, como na Instrução Normativa – IN 35/2019, indicando o uso e a seleção de meio(s) de cultura rico(s) em nutrientes, para que proporcionem maiores possibilidades de detecção de isolados, seguindo com identificação e investigação de suas fontes contaminantes.

No entanto ultimamente alguns produtores e suas equipes tem optado em utilizar somente um único meio de cultura para o enchimento, talvez o motivo seja custo, talvez a otimização do processo/tempo ou mesmo a falta de conhecimento sobre                                        a necessidade de qual(is) meio(s) se utilizar. E o meio de cultura de escolha tem sido o Caldo Caseína Soja, por ser este considerado um meio de cultura bem nutritivo e com alta capacidade promotora de crescimento, principalmente para as bactérias aeróbias, assim como para os fungos e as leveduras. Porém deve ser tomado cuidado sobre esse conceito. O Caldo Caseína Soja traz uma remota possibilidade no crescimento e desenvolvimento por exemplo dos anaeróbios, dos microaerófilos e ainda podem não oferecer possibilidades aos aeróbios facultativos. Tudo isso torna-se um desafio ainda maior quando pensamos nas questões inerentes ao Teste de Esterilidade, quanto ao seu escopo, com algumas limitações ou não adequações de detecção relativo aos vírus, as micobactérias, aos micoplasmas, aos microrganismos psicrófilos e termófilos.

Por isso a seleção do(s) meio(s) de cultura torna-se muito importante, este deve apresentar condições favoráveis as exigências da microbiota, ter  o conceito de abrangência dos microrganismos e sua complexidade frente suas necessidades para seu crescimento, desenvolvimento e o desempenho microbiológico. Os meios de cultura são como soluções nutrientes utilizadas para favorecer o crescimento dos microrganismos em laboratório, nos estudos, processos, validações e análises, logo todo o seu preparo e sua escolha tornam-se criteriosos e necessitam de toda a atenção para que o cultivo tenha sucesso.

Vale a reflexão para a tomada de decisão quanto a escolha do(s) meio(s) de cultura, levar em conta alguns aspectos como tipo de produção, ou seja, que medicamento se está produzindo, adequação para esterilização do meio nutriente, solubilidade e filtrabilidade a frio do meio de cultura, áreas envolvidas, o monitoramento ambiental fabril de rotina apropriado e treinamento de pessoal é muito importante, para que se possa fazer a seleção e a escolha correta para seu processo!